sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Saúde: um direito humano, exigência evangélica.”

“Não são os que tem saúde os que precisam de médicos, mas sim os doentes...” (Marcos 2:17).

No nosso ordenamento jurídico saído da Constituição de 1988, a saúde vem catologada como um direito, que se acha inscrito na Carta Magna, no título VIII, relativo à ordem social, na sessão II, toda ela consagrada à saúde.
 
O artigo 196 da Constituição reza que “a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo politicas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doenças e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.”

Este texto está na primeira página do livro “Saúde, cuidar da vida e da integridade da criação”, organizado pelo Padre José Oscar Beozzo, com textos de Roberto G. Nascimento, Calisto Vendrame, Leonardo Boff, Tomico Born, Zilda Arns Neumann e Irma Scharammel.

Nesta obra atualíssima, o venerável Calisto Vendrame, biblista da Congregação dos Camilianos, com a experiência de toda uma vida dedicada aos enfermos e à reflexão, a partir de uma leitura critica da bíblia, nos ensina de forma categórica: “A civilização de um povo mede-se pela sua atenção às pessoas mais frágeis e desvalidas. Entre estas estão os doentes.”
“Não existiu e não existe religião que não se interesse pelo valor da vida e da saúde e que não busque uma interpretação da doença e da morte.”
“Frequentemente se recorda na Bíblia o caráter medicinal das doenças inflingidas por Deus, que não quer a morte do pecador, mas que se converta e viva.”

Para exemplificar o caráter medicinal da religião, Calisto cita Isaías 32:21: “E dissera Isaías: que tragam uma posta de figos e ponham-na na chaga, e sarará.”

Grande parte da compaixão curativa da religião é testificada no livro de Jó, onde encontramos um profeta mais que puramente serviente. Jó debate e inquere os preceitos apresentados até então sobre as “Leis Divinas”, debatendo diretamente com Deus.
Ele encontra nesta contenda horizontes muito mais amplos do que os dogmas estabelecidos até aquele momento. Mostra que o sofrimento físico ou psiquico não advém de castigo, de pecados cometidos (Jó 9,2).
Também podemos encontrar farta relação entre a religião e a cura em Eclesiásticos. Encontramos diversos conselhos para evitar doenças e como devemos encarar a morte. Está lá também a indicação de que o recurso médico não contra a lei divina, pelo contrário, deve-se honrar o conhecimento medicinal, pois ele é criação de Deus, assim como Ele criou as Ervas Medicinais, entre elas a Cannabis Sativa.
Foi Deus que deu ao homem a capacidade de descobrir suas propriedades curativas e colocá-las ao seu serviço.

Calisto Vendrame continua: “A cura dos doentes foi anunciada pelo livro de Isaías como um sinal do advento messiânico. Então se abrirão os olhos dos cegos e se abrirão os ouvidos dos surdos. Então o coxo pulará como um cabrito e gritará a língua do mundo com alegria (Is 35:5,6).
… Existe uma conexão tão estreita entre a saúde física e a espiritual que, curar o corpo, ocupar-se dos doentes, pobres e exluídos, é sinal do advento da saúde holística, da salvação global, trazida pelo Messias.”

Encontramos a confirmação destes palavras no Novo Testamento em Lucas 4.4: “Jesus respondeu dizendo: Está escrito: não só de pão vive o homem, mas de toda a palavra de Deus.”

No Novo Testamento fica muito mais explícita a obrigação religiosa do cuidado com os enfermos e com a cura.
Jesus não repete a Lei do Velho Testamento simplesmente.
Ele se apresenta como alguém que tem autoridade.

Isso em nosso ver, da Congregação Etíope Coptic de Sião, se deve ao fato dele ter adquirido enorme conhecimento em medicina durante suas viagens pela India, onde aprendeu a medicina Ayurvédica, e na China onde estudou a Tradicional Medicina Chinesa. Este extraordinário conhecimento científico lhe proporcionou exercer todos os milagres que ouvimos até hoje. Por este motivo, a cura dos doentes ocupa um espaço privilegiado nos Evangelhos e nos Atos dos Apóstolos.

Como atesta Calisto: “É tão relevante a parte dos evangelhos que trata das curas realizadas por Jesus que, sem ela, o texto não se sustentaria. Os ensinamentos de Jesus estão intimamente ligados aos relatos de curas, de modo a constituir com estes uma unidade...
… Sua ação curadora se exerce de preferência em favor dos excluídos da sociedade, que se tornam os incluídos do seu reino: os impuros segundo a Lei; os leprosos, as mulheres, os endemoniados. Ele não fez praticamente outra coisa se não pregar a boa nova e curar os doentes, e deu aos apóstolos o mandato de fazer o mesmo: Ide, pregai o Evangelho e curai os enfermos. (Lucas 6:19). E toda multidão procurava tocá-lo, porque dele saía uma força que a todos curava.”

A função sagrada da cura na religião é um bem da humanidade, dando grande satisfação a todos, tanto para o refrigério do enfermo, com enorme satisfação e alegria para o seu operador.

Salmo 16:11 – Tu me mostrarás as sendas da vida; em tua presença há plenitude de alegria; em tú há delicias para sempre.

No fundo, tudo é dom de Deus e glória do Criador, Senhor da Vida e da Saúde.

Rastafari com a glória de Jah.

(Relato escrito de dentro do presídio de Americana por RAS GERALDINHO, em 16.11.2012)

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