domingo, 12 de abril de 2015

Iperó, 23 de fevereiro de 2015

"À espera de um milagre"

É impressionante o grau de estresse que pesa sobre os penitenciados que estão à espera de algum benefício jurídico/legal.

Quando o apenado ingressa no Sistema, recebe a condenação, conhece a crua realidade da milenar masmorra, calcula e realiza o tamanho da pena. Ele entra, então, em um equilíbrio emocional que o ajuda a transpor o lapso temporal.

Neste aspecto, a cannabis proibida é importante coadjuvante no intento de atingir este equilíbrio e a consequente paz de espírito que reina no inconsciente coletivo de uma prisão.

Porém, quando o condenado recebe a informação de que está prestes a receber algum tipo de beneficio ou progressão, inevitavelmente ele começa a superlotar sua mente com a possibilidade de poder sair da tão deplorável e desumana situação em que se encontra.

Esta overdose de pensamentos gera expectativas que, enquanto não realizadas, ou em pior hipótese, frustradas, mexe com o equilíbrio emocional e psicológico do individuo, causando muita dor e sofrimento.

A tortura psicológica substitui a pena física com grande eficácia!

Devido ao atual nível de desmando do Califado Tucano na política pública paulista, a sociedade, que desenterra esqueletos dos armários da Ditadura Militar para lavar suas consciências em lacônico e repetitivo mantra "tortura nunca mais", se faz muda e surda para a tortura psicológica nos calabouços do sistema de repressão da atual matrix.

A crueldade dos Sistema Carcerário paulista é inominável, degradante e desumano.

Declaro isso pelo testemunho de muitos companheiros de cárcere e por experiência própria.

A tortura psicológica gera grande depressão que dói e dói muito.

"Ainda que eu ande pelo vale das sombras da morte, não temerei mal algum, porque Tu estarás comigo. Tua vara e Teu cajado me encheram de alento..." (Salmo 23-6)

Que a infinita graça de Jah nos inunde com a Luz do divino conhecimento.

Ras Geraldinho, com a glória de Jah - Rastafari

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