quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Iperó, 02 de Janeiro de 2016

Três anos e cinco meses de prisão política.

Exma. Sra. Dilma Rousseff, Presidenta do Brasil

Ilustríssimos senhores e senhoras da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República

Eu, Geraldo Antonio Baptista (Ras Geraldinho),  elder da Primeira Igreja Niubingui Etíope Coptic de Sião do Brasil, entidade plenamente regulamentada, de cunho religioso e filosofia rastafári, venho, neste vergonhoso momento para a nossa democracia, gritar por ajuda, socorro, por manifestação de defesa aos direitos humanos universais da minha pessoa (condenada /penitenciada) além dos demais membros da nossa Niubingui, que sofrem processo judicial, perseguição policial e política, além de constrangimento moral e psicológico.

Sou líder religioso Rastafári, de fé numinosa “etíope copta de sião”.

Hoje me encontro preso na Penitenciária Odon Ramos Maranhão, na cidade de Iperó-SP, acusado falsamente por tráfico de drogas e associação para o crime, condenado desde agosto de 2012, em regime de exceção de direito, por “crime ideológico”.

Sou tecnicamente reconhecido como preso político, como poderá atestar o Dr. Alexandre Khuri Miguel, OAB/SP 118.352.

Aguardo Habeas Corpus do STF, protocolado em dezembro de 2014, onde a subprocuradora geral da república, Dra. Débora Duprat, concedeu provimento ao recurso, registrado eletronicamente em 15/01/2015. Ou seja, estou aguardando há 01 ano pela assinatura do ministro do STF. Isso é cruel!

Nunca cometi atos ilícitos em minha vida. Toda a história da Primeira Igreja Niubingui Etíope Coptic de Sião do Brasil pode ser encontrada na internet, nos sites, blogs e redes sociais (palavras-chave: niubingui, Ras Geraldinho, Geraldo Coptic).

Somos, hoje, minoria reprimida, injustiçada e violentada pela Justiça que, por obrigação constitucional, deveria nos proteger.

Este ódio institucional é fruto de Justiça caolha, que não aceita o fato da cannabis ser sacramento em nosso aprisco.

Passamos pelos mesmos sofrimentos que os irmãos do Santo Daime passaram há anos atrás, quando o Supremo Tribunal Federal reconheceu o direito ao uso ritualístico da erva sacramental Ayahuasca.
As ervas de poder sempre foram reconhecidas como direito religioso pétreo, inclusive garantido em artigo específico na Constituição da República Federativa do Brasil.

Nunca estivemos na clandestinidade, nem praticamos atos ilícitos; nunca traficamos, nem vendemos ou distribuímos cannabis. As plantas sagradas que plantávamos no jardim privado da nossa igreja eram unicamente para representação numinosa (Mateus 12-1~8 / Marcos 2-23~25 / Lucas 6-1-3) ou como incenso sacramental (inalante espiritual).

Não se trata de uma invenção: estamos falando de cultura religiosa milenar, que até hoje é perseguida.

Estamos falando de assunto ideológico e não criminal. O que nos traz às vossas honradas presenças é o pedido de imediato socorro contra ação de patrulhamento ideológico, portanto, perseguição política.

Estou Condenado pelo ódio, mentira, inveja, avareza política, violência e, principalmente, pela mãe de todos estes abjetos espíritos, que é a ignorância.

Estou Preso por crime ideológico, pela hipista ignorância filosófica, a esfinge do inconsciente coletivo, como costumo dizer. Enquanto a ignorância funcional impacta unicamente o individuo ignorante, a hedionda ignorância filosófica solapa os direitos humanos de toda a comunidade que se encontra à sombra do rampante poder, condenando muitos ao sofrimento.

Sou Testemunha física do atual estado de atraso da Justiça brasileira, com especial referência à Justiça Paulista.

Sou Vítima do perverso e supra-corrupto Sistema Prisional Paulista.

Estou Desamparado pelo “Espírito Grego da Democracia”.

Fui Travestido pelo Ministério Público, para aceno de cartola ao poder cinza dos obreiros do Universo.

Fui Sentenciado por argumentação semântica e ódio preconcebido de consciência jurídica bipolar, formatada no castigo.

Fui Julgado por questão moral e filosófica.

Sendo assim que sinto, declaro-me PRESO POLÍTICO e solicito o amparo deste Ministério.


Agradeço a inestimável atenção e assino,


Geraldo Antonio Baptista (Ras Geraldinho)

Matricula no Sistema Prisional Paulista nº 768.403

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