Quarta-feira
passada, estava o Ras sentado num pequeno degrau lendo sua Bíblia
quando a porta do pavilhão se abriu num horário inabitual.
Ele
estranha quando vê oito agentes penitenciários adentrarem o local
daquela maneira.
Imediatamente
é ordenado que ele encoste na parede e é revistado.
Em
seguida, mandam que ele tire toda a roupa, abra a boca, faça
agachamentos, etc.
Logo
após, mandam que ele coloque as roupas novamente, o algemam e o
conduzem para um outro local para ser interrogado.
O
motivo? A denuncia de que ele estaria acessando uma rede social
naquele momento.
O
denunciante? Uma autoridade do município.
O
chefe do plantão do presídio perguntava sobre celular, maconha e
falava sobre a denúncia que acabara de receber e a qual tinha ido
checar no mesmo instante.
O
Ras, apavorado com a truculência, e sabendo que é refém do
sistema, mal conseguia se expressar. Mas dizia: senhores, vocês
viram, eu estava lendo! O que está acontecendo?
E
o chefe do plantão repetiu: uma autoridade está neste momento do
outro lado da linha esperando a resposta se foi encontrado ou não um
celular em seu poder.
Enquanto
isso, os outros presos do pavilhão estavam sendo submetidos ao mesmo
tratamento e a cela totalmente revirada, inclusive a biblioteca em
que o Ras está trabalhando.
Aos
outros presos era perguntado: ele é o líder de vocês? Sobre o que
ele fala? O que ele fica fazendo? Etc.
Quando
os agentes que estavam no pavilhão foram até o lugar onde o Ras
estava sendo interrogado e disseram que nada havia sido encontrado,
fizeram com que o Ras Geraldinho assinasse um termo, onde ele declara
que a diretoria da Niubingui tem a sua senha, que é única para
todas as suas ferramentas de internet, e que, provavelmente, seriam
os responsáveis pelas atualizações na sua página da rede social.
Após
ele ter assinado este termo, o chefe do plantão pegou o telefone e
comunicou a autoridade que estava do outro lado, dando conta de que
nada tinha sido encontrado em seu poder.
O
que pensar de tudo isso? Por que algumas autoridades tem se
preocupado com um preso como o Ras Geraldinho a ponto de ficar
monitorando as redes sociais? É legal isso? Existe uma Lei que
fundamente esse tipo de atitude de uma autoridade?
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