quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Iperó, 19 de fevereiro de 2014

Um ano e meio de injusto encarceramento.

Examinei todas as obras que se fazem debaixo do sol; e eis que tudo isso e vaidade e esforço inútil.
Porque na muita sabedoria há muita tristeza e quem aumenta a ciência aumenta a dor.”
(Eclesiastes 1-14,18)


Que a poderosa luz da Justiça Divina se derrame sobre nós, trazendo a compreensão necessária para o nosso crescimento espiritual.

Da babilônia não podemos esperar nada. Dia passa, mês passa, anos passam, séculos passam e só presenciamos a história se repetindo.
Mudam os atores mas o roteiro continua o mesmo; a comédia bufa do passado continua em cartaz e será a mesma de amanhã...
O calabouço sempre foi e sempre será de pedra; o ferrolho muda de forma, mas o corpo de ferro e a intenção da alma continua a mesma...

De tudo vi nos dias de minha vaidade. Há justo que perece por sua justiça e há ímpio que por sua maldade prolonga seus dias.” (Eclesiastes 7-15)

Isso vale para a infeliz verdade mostrada intencionalmente no Fantástico da Rede Globo: a operação de guerra deflagrada pela Policia Federal brasileira, juntamente com o exército paraguaio, contra os plantadores de cannabis naquele País.

Lamentável a interferência brasileira na soberania paraguaia, justificada e escamoteada como tratado de cooperação internacional para o combate às “drogas”.

Os proibicionistas de plantão podem até encontrar algum orgulho ou justificativa, mas é vergonhosa a submissão das Forças Armadas de um país à Policia de outro. É diplomaticamente lamentável e vem junto com uma sombra de ação imperialista que não condiz com o espírito da Constituição Brasileira nem como os sagrados direitos de “Livre Estado”.

A matéria jornalística, em formato de folhetim, descreve uma operação de guerra semelhante à cena hollywoddiana da tomada de uma praia do Vietnan por helicópteros do exército americano no filme “Apocalipse Now”, de Francis Ford Coppola. Só faltou a trilha sonora da cavalgada das valquirias. Lamentável.

Chegaram ao requinte cinematográfico do ângulo subjetivo de visão de um soldado paraguaio dentro de um helicóptero, descarregando insanamente uma metralhadora contra um praticamente invisível alvo no meio de uma plantação de cannabis.

Posteriormente mostrou-se que o alvo das saraivadas de balas disparadas pelo soldado paraguaio eram dois agricultores (cidadãos) paraguaios.

E o exército atirando contra o seu próprio povo... Isso é um despropósito constituicional! As Forças Armadas paraguaias são constituidas para proteger o povo paraguaio, não para tratá-lo como inimigo de Estado.

A edição, em estilo “cinema verdade”, mostra o total desvio de função dos soldados do exército paraguaio, pois aquela operação seria trabalho para a polícia provincial com apoio do Ministério da Agricultura daquele país.

Vimos soldados com facão na mão cortando uma parrela de arbustos e amontoando-os para a fogueira. Ao fundo os dois miseráveis camponeses - que declaravam não ter outro meio de sobrevivência, pois são abandonados pelo Estado, eram exibidos como troféu pelo pelotão militar.
Quanta hipocrisia!

Depois, para efeito de marketing, as imagens do “trabalho” de destruição das instalações “subversivas”: um caco de espuma à guisa de colchão, uns pedaços de galhos como estrutura e uma velha lona preta plástica usada na cobertura...

Qual a intenção dessa tola e desproporcional exibição de poderio bélico contra dois desgraçados campesinos?

A resposta vem da boca do oficial militar paraguaio e do agente policial brasileiro: “A Guerra Contra as Drogas”.

Este termo foi ressucitado da tumba do Nixon, que foi o primeiro a usá-lo na década de 1960.

Ronald Reagan, o mais ignorante e reacionário presidente americano também usou o impactante “The War on Drugs” para justificar o descabido volume de dólares consumidos pelo DEA no início dos anos 1980.

Estamos usando um bordão como ferramenta de marketing que o mundo pseudo-evoluído (USA e Europa) deixou de usar há mais de três décadas.

Isso mostra o descompasso entre a nossa sociedade e o dito “primeiro mundo”.

Guerra contra as drogas” é uma ferramenta de marketing político extremamente cara – econômica, social e diplomaticamente falando.

Quando o termo foi empregado / implementado pela primeira vez no governo Nixon, gerou uma brancaleônica operação tática que paralisou toda a fronteira sul dos Estados Unidos, com um custo operacional descomunal, além de criar um sério problema diplomático com o México. É oportuno salientar que o evento foi um fiasco e nada foi encontrado, sobrando só o estigma político da “guerra” que sempre vendeu bem na “Terra do Tio Sam”.

Quando pedimos a um confeiteiro um bolo, ele nos entrega um bolo.

Quando o Sistema pede para o exército uma guerra, ele entrega uma guerra, pois é para isso que ele é formado – para a guerra, e os soldados, independentemente dos custos econômicos e sociais, são chamados de bons no que fazem e entregam mesmo a guerra!

Contra quem? Quem sabe?
Isso importa?

Estas perguntas, os profissionais de jornalismo da poderosa Rede Globo não foram capazes de responder. Mas, isso importa? Pra quem? Quem sabe?

Estas perguntas nunca serão respondidas, porque esta guerra é e sempre foi empreendida contra um fantasma: um fantasma social gerado em 1937 quando o golpe proibicionista foi levado a efeito e a lei contra a cannabis foi promulgada nos Estados Unidos. Naquele momento foi criada uma nova classe social: os traficantes de drogas.

De lá para cá, esta figura permeia o inconsciente coletivo do aparelho repressor do Estado, que viu nesta oportunidade uma forma de fortalecimento tentacular e eternização.
Criou-se a expectativa de que o poder violento da repressão seria a solução para a extinção da Planta. Então, o cenário de “guerra” foi montado e implementado.

Mesmo sem ter um inimigo visível o aparato foi montado, e consome bilhões de dólares/reais e milhares de vidas são perdidas todos os anos, numa louca caçada contra o “nada”, contra um “fantasma”.

Contra quem? Não importa!

De novo: contra quem? Uma planta. Por que? Ninguém sabe. Não importa.

O que importa é que alguém falou que é proibido. E pronto.

As normas técnicas exigidas na letra da Lei para a proibição das drogas nunca foram aplicadas ao THC (tetrahidrocanabinol), o princípio ativo encontrado na espiga (flor) da cannabis.

A base legal para a proibição da Erva no Brasil é um tratado internacional, não uma pesquisa científica.

Não existe um estudo do Ministério da Saúde que enquadre o THC na exigência legal para sua proibição. E nunca existirá, porque a dependência “física ou psíquica” não pode ser encontrada em nenhum teste científico sério, pela simples razão de que o Ser Humano pode produzir um hormônio – o endocanabinol, que é uma cornucópia do THC.

Por este motivo não se manifesta tal dependência,coisa que não acontece com o álcool e com o tabaco que, por interpretação jurídica legal, deveriam ser proibidos.

Alguns experts no assunto afirmam que o desejo pelo THC é o mesmo manifestado pelo chocolate.

Mas isso não importa!!!

O importante (para o Sistema) é manter a Erva Sagrada proibida, independentemente dos custos sociais e econômicos.

Enquanto nós (brasileiros) repetimos erros de quarenta anos atrás, a Europa e os EUA redescobrem os benefícios agrícolas e industriais que a cannabis - um presente de Deus para a humanidade - oferece.

São mais de vinte e cinco mil produtos provenientes deste maravilhoso arbusto. Nenhuma outra planta é tão prodigiosa como a cannabis. É por isso que ela é proibida.
Alimento, combustível (álcool e biodiesel), resinas industriais, fibras diversas, polpa de celulose, remédios eficazes inclusive contra o câncer... É por isso que ela é proibida.
Fumar sua resina é apenas o “bode expiatório”.

O problema da cannabis não é de saúde ou moral, o problema é que ela é tão maravilhosamente rica que interfere na economia, ou melhor, no interesse de alguns que querem o poder econômico mundial em suas mãos. Compreenda-se a indústria petroquímica; a produção mundial de papel; os conglomerados de produção de venenos agrícolas, sementes transgênicas e fertilizantes; a indústria farmacêutica de alta tecnologia e os investidores das Bolsas de Valores, que abrange este mercado mundial trilhardário.

Se o Paraguai se sujeita à interferência imperialista tupiniquim, o Uruguai é a outra face da moeda. Em breve o Uruguai será o exemplo a ser seguido, como precursor da redenção agrícola da cannabis, que será a base para um novo ciclo de desenvolvimento (sustentável) econômico e social.

Isso é uma profecia ou uma realidade histórica inquestionável? Não importa, mas é para esse futuro que o mundo caminha e a América do Sul também.

Resta-nos saber se estaremos neste trem do desenvolvimento sustentável, pois por vocação tecnólogica e agrícola teremos condição de ser locomotiva desta composição, ou daqui a quarenta anos estaremos falando ainda da “guerra contra as drogas”.

Está mais do que na hora da “Árvore da Vida” sair das páginas policiais para ser notícia no Globo Rural, nos cadernos de economia, agricultura, indústria e comércio.

Vamos tirá-la das Delegacias e Fóruns e colocá-la na Embrapa, Esalq, Senai, Ministérios de Agricultura e Saúde...

Vamos trocar o vulgo propositalmente pejorativo de “maconha” por seu verdadeiro nome: cannabis, a cana de dois sexos (bis), a cana do sonho do faraó (Gênesis 41-5,6,7...), que pela divina sabedoria de José, salvou o Egito, como salvou inúmeros outros povos. A “cana” que é um presente de Deus.

No meio das ruas da cidade, de um lado e do outro do rio, lá estava a “árvore da vida”, que produz doze frutos (hoje conhecemos 25.000 frutos), dando todo mês seu fruto; e as folhas da árvore eram para a cura das nações.” (revelações do apocalipse 22-2)

Que a sabedoria do nosso Pai Todo-Poderoso nos permita compreender a “Real Verdade”, fazendo com que sejamos homo-um pouco mais-sapiens.


Ras Geraldinho (por carta)

Líder religioso da Primeira Igreja Niubingui Etíope Coptic de Sião do Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário