Penitenciária
de Iperó-SP, 13 de Março de 2014
19
meses injustiçado pelo Judiciário Paulista
Amabilíssimo
Senhor Senador Professor Cristovam Buarque:
Que
a glória da sabedoria divina caia sobre nós, iluminando nossos
espíritos!
“Para
aprender sabedoria e instrução, para entender as palavras
inteligentes, para receber o conselho da prudência, justiça, juízo
e equidade...O começo do conhecimento é o temor do Senhor (Jah), os
insensatos desprezam a sabedoria e disciplina.” (Provérbios de
Salomão 1-2,7)
Meu
respeitadíssimo senador, foi com imensa alegria que recebi a notícia
de que o senhor foi indicado como relator do projeto de
descriminalização da Cannabis – a planta sagrada – pela
Comissão de Direitos Humanos do Senado.
Espero
sinceramente que minha atual situação de apenado (injustamente)
pelo Judiciário Paulista não seja impecilho para que eu possa
auxiliar nesta empreitada.
Conforme
afirmado pelo senhor, o assunto é de extrema relevância.
Desde
que o interesse (menor) de um grupo de czares da indústria
petroquímica e outros capitalistas norte-americanos criou o plano de
embargo mundial do cânhamo (hemp), como a Erva Sagrada é conhecida
no mercado de comóditie mundial, a Humanidade sofre os males desta
nefasta proibição.
Para
que conglomerados industriais multinacionais alcançassem o lucro
pornográfico do monopólio mundial do petróleo, milhões de pessoas
tiveram suas vidas destruídas.
A
grande recessão norte-americana dos anos 1930 foi causada, em parte,
pelo embargo da cannabis. Os agricultores dos Estados Unidos tinham
como único “crop” cultivar o hemp/cânhamo, que era a principal
cultura agrícola norte-americana.
Com
a proibição incondicional, estes fazendeiros “quebraram”, e o
resto a história nos conta.
Este
complô criminoso começou em 1922 quando, por encomenda da industria
petroquímica norte-americana, a DuPont desenvolveu e patenteou a
molécula do nylon. Este “maravilhoso” produto, também conhecido
como “matéria plástica”, iria resolver um problema mortal do
refino do petróleo: o rejeito final.
O
que era um impedimento ambiental letal ao desenvolvimento da
indústria de transformação do petróleo - uma borra plástica
gigantesca – se transformaria em nylon, um produto de valor
agregado com enorme potencial de mercado, que hoje nós conhecemos.
Porém,
existiam alguns impedimentos. O momento tecnológico dos anos 1920
permitia tão somente a extrusão do material. Deste processo
industrial resultava um único produto: o fio de nylon. Este fio,
manufaturado, poderia dominar o mercado naval mundial de cordas e
derivados, salvando, assim, os gigantescos conglomerados da indústria
petroquímica norte-americana de uma morte anunciada. A alta
resistência do plástico derivado do petróleo à salinidade do mar,
à maresia, fariam do nylon o produto número 1 da indústria naval
mundial, transformando o maior passivo ambiental do planeta em lucro
líquido.
Certamente,
vossa excepcional capacidade de informação pode dimensionar o
tamanho do mercado mundial de cordas e velames para uso naval na
primeira metade do século XX, interesses bilionários, que tinham um
único obstáculo: a milenar indústria de cordas e derivados do
cânhamo/hemp.
A
fibra da cannabis é a única fibra natural que resiste à salinidade
marinha, fazendo dela a commoditie que dominava 85% do mercado
mundial de cordas e velas para a indústria naval. Os países que
dominavam este mercado eram a Russia, com a melhor tecnologia de
beneficiamento da fibra e de produção de cordas e velames; a China,
com grandes áreas plantadas, e a India, como grande produtora de
fibras também.
A
corda de cânhamo/hemp/cannabis, por serem produzidas com tecnologia
branda e muito antiga, tinha um custo decimal comparada ao valor de
produção do novíssimo parque industrial do nylon.
Seria
praticamente impossivel para as petroquímicas competirem no mercado
dominado pela cannabis. Somam-se à estes interesses econômicos
gigantescos, a vontade de um grupo de mídia americano que
vislumbrava o sonho de criar o monopólio dos parques gráficos dos
jornais de todo os Estados Unidos.
Quase
todo papel usado pela imprensa americana vinha da China, que era
praticamente a única fornecedora de papel do mundo: papel produzido
a partir da celulose da polpa do cânhamo, que é quatro vezes mais
produtivo do que o pinho e eucalipto, além de ser ecológicamente
sustentável.
A
DuPont mais uma vez entra em cena, criando e patenteando o processo
produtivo do papel a partir da celulose de pinho e eucalipto.
O
problema era o mesmo da indústria petroquímica e o inimigo comum
era a cannabis – a planta sagrada, um presente e Deus que, por sua
enorme produtividade e diversidade de produtos era imbatível na
concorrência mercadológica. Só para referência, hoje são
conhecidos mais de vinte e cinco mil produtos provenientes da
cannabis.
Criou-se,
então, entre estes poderosos senhores da despudorada alma
capitalista, o sentimento de embargo ao cânhamo/cannabis, momento em
que alguém relacionou o hemp, que era a base agrícola
norte-americana, com a “marijuana” que os mexicanos e os negros
fumavam, sentindo-se mais felizes e expansivos.
Cânhamo/hemp
e maconha/marijuana: a mesma planta – a cannabis.
Colocou-se
em prática, então, um complô criminoso com o objetivo de probição
da “marijuana”, que o povo americano ignorava ser o cânhamo/hemp.
Em
pouco mais de uma década de campanha de marketing cientificamente
planejado e executado, os caminhos políticos foram preparados,
culminando com a lei da proibição promulgada pelo senado
norte-americano em 1937.
A
história perversa desta ação, que eu classifico como o maior lobby
criminoso de todos os tempos, é contada pelo juiz Charles
Whitebread, Professor doutor da West Virginia,
que
eu traduzi e que faz parte de um livro em que estou trabalhando há
alguns anos.
Com
a proibição da marijuana/maconha no território americano em 1937,
mesmo ano da proibição no Brasil, foi criado um fantasma que assola
nossa sociedade até hoje: o traficante de drogas.
A
vitória definitiva do poder econômico sobre a “Árvore da Vida”,
encontrada em Apocalipse
22-2
ou Gênesis
41-5,6,7
onde José interpreta o sonho do faraó e salva o Egito de grande
provação, foi alcançada no início da década de 1960 com a
assinatura do “Tratado Único das Drogas” pelos membros da ONU –
Organização das Nações Unidas.
Por
quase oitenta anos vivemos sob o manto da maior mentira já contada
no planeta. Mentira que proibiu o uso da maior fonte de fibra têxtil
e combustível (sustentável) do mundo; a maior e mais rica fonte
vegetal de alimento; a mais abrangente e barata fonte de medicamentos
que a medicina conhece, inclusive contra o câncer ( o mais extenso
trabalho sobre o assunto foi feito pelo Instituto Americano do Câncer
em 1970 e comprova a eficácia da cannabis no tratamento da maioria
dos cânceres).
Com
a cannabis livre do embargo, teríamos medicamentos eficazes contra o
flagelo do câncer por uma fração do custo dos remédios atuais.
O
Dr. Lester Grinspoon, da Universidade da Califórnia, afirma isso em
seus livros e em vários trabalhos sobre o uso medicinal da cannabis
(http://cannabiscultureawards.com/winners/lester-grinspoon).
Caríssimo
senador, vivemos no delírio de uma “matrix” de realidade
manipulada, onde na “real verdade” a única coisa que não é
proibida é o costume milenar de se inalar a fumaça da resina da
cannabis, pois a polícia pode prender e o juiz condenar, mas até
nos calabouços medievais do Brasil, chamados presídios, o cidadão
vai fumar.
Proibido,
na verdade, são os outros vinte e cinco mil produtos provenientes da
cannabis, que é o “manah” do Velho Testamento; proibido são os
texteis da maravilhosa fibra do cânhamo; o papel e derivados da
celulose canábica que tem processo de manufatura ambientalmente
correto. Proibido são os medicamentos já reconhecidos para os mais
diversos problemas de saúde; proibido são os combustíveis (alcool
e biodisel) extraídos da planta sagrada.
Henry
Ford plantava milhares de acres de hemp para produção de biodiesel
e etanol consumidos nos veículos que ele produzia.
O
álcool de cana é renovável, mas o álcool e biodiesel de cannabis
são sustentáveis.
Cruel
é a proibição dos alimentos extraídos da farinha e do óleo da
semente de cannabis. A farinha de cannabis é comprovadamente mais
nutritiva que as outras. Se substituíssemos a farinha de trigo, que
tem praticamente zero em nutrientes, pela farinha de cannabis,
conhecida na Bíblia como “flor de farinha”, os beneficios para a
saúde pública seriam enormes!
Então,
o fato de se fumar a erva, um hábito que remonta à Idade da Pedra,
é o bode expiatório do embargo aos outros produtos da “árvore da
vida”!
A
cannabis não é proibida por fazer mal ao ser humano: ela foi
proibida por ser a mais maravilhosa planta que Deus nos deu. Tão
brilhantemente profícua, que atrapalha os planos dos que querem a
qualquer custo o domínio econômico global.
Honradíssimo
senhor senador Cristovam Buarque, eu vos garanto que não existe um
único experimento científico sério que comprove a relação direta
da cannabis com algum dano à saúde humana.
Tenho
dedicado os últimos quinze anos de minha vida estudando o
relacionamento do homem com esta espetacular planta e seus três
tipos: Sativa, Indica e Ruderalis. Sou, provavelmente, o maior
compêndio de informações sobre a cannabis no Brasil.
Sou
líder religioso da Primeira
Igreja Niubingui Etíope Coptic de Sião do Brasil,
manifestação religiosa da cultura rastafari (enviei carta ao
Ministro do STF Celso de Mello, onde relato um pouco da minha
história e esclareço os motivos da minha injusta prisão, que é
política).
Posso
afirmar que a história da humanidade e a da cannabis se confundem. O
homem usa a cana(bis)
desde que deixou o “paraíso”. O hábito de se inalar fumaça da
planta sagrada vêm da Era Adâmica.
Quando
saímos do “paraíso” (compreenda-se: ganhamos consciência),
junto com a dádiva divina do recebimento da Luz da Consciência,
ganhamos como efeito colateral a “depressão” - condição
psicológica de todo ser humano. O remédio mais eficaz que nossos
ancestrais encontraram foi a cannabis e, desde então, fazemos uso
dela em automedicação.
Por
ter sido a primeira cultura agrícola cultivada por nossos
antepassados, sempre tivemos um enorme conhecimento e atração por
ela. Esta atração é natural e arriscaria dizer que as pessoas que
se declaram usuárias da cannabis tem prédisposição genética para
o consumo da erva.
Ouso
dizer, ainda, que os classificados de “maconheiros” o são por
tendências psico-emocionais, não existindo a condição de
dependência (vício), assim como os classificados de “gays” o
são em suas preferências sexuais. No caso dos usuários da
cannabis, uma vocação natural ao ato de automedicação, que
contribui para a diminuição de estresse neurótico e manifestações
de depressão. Não existe dependência física nem psíquica porque
nós produzimos um hormônio – o endocanabinol, que é similar ao
THC, um dos principios ativos da cannabis. O hábito de se fumar
cannabis causa a mesma dependência do consumo de chocolate.
Por
todos os motivos já descritos aqui, podemos afirmar que a cannabis
está para o reino vegetal assim como estamos para o reino animal.
Hoje, ela, assim como nós, é encontrada em todos os cantos da
Terra.
Desde
a formação dos primeiros impérios até a Era atual do
insustentável “plástico” extraído do insustentável
“petróleo”, a cannabis sempre foi tratada como produção
estratégica para as nações. Observa-se na linha histórica do
tempo que os governos (imperiais) que permitiam o cultivo liberal do
cânhamo/cannabis eram tidos como mais brandos e queridos pelo povo,
enquanto os que optavam pelo controle estatal, exigindo taxas pesadas
para o cultivo eram de tendência centralizadora e ditatorial.
A
cannabis sempre foi importante para o desenvolvimento das nações e,
principalmente, usada na estratégia de guerra.
Todas
as guerras da humanidade, até a segunda guerra mundial, usaram
cannabis em larga escala. Isso pode ser facilmente comprovado: na
internet encontra-se um vídeo com o título “Hemp
for Victory”,
um documentário das Forças Armadas norte-americana, produzido para
estimular os fazendeiros a voltarem a plantar cannabis.
Depois
do término da guerra, o goveno do “Tio Sam” voltou a proibir o
cultivo de hemp e a política de repressão retornou ao seu papel com
mais violência, força e “recursos”.
Podemos
relacionar a cannabis como protagonista dos mais importantes fatos
históricos da humanidade:
-
Na história do antigo Egito;
-
No desenvolvimento da China e India;
-
Na expansão imperialista européia, com o (pseudo) descobrimento da
América, colonização do Brasil e de todos os outros países
americanos;
-
Na derrota francesa para a Russia, que culminou com o fim do
imperialismo de Napoleão.
A
Bíblia está repleta de fatos ligados à cannabis: Canaã é a terra
da cana(bis); o Cananeu é o cultivador de cana(bis), o óleo de
unção, o incenso...
A
primeira impressão de Gutemberg foi uma bíblia, impressa em papel
de cannabis.
Quando
Cristóvão Colombo “descobriu” a América, ele transportava
cerca de sessenta toneladas de cannabis nos três navios da
expedição.
Não
estamos falando da maior ação de tráfico do Atlântico. Estamos
falando do volume de todas as cordas e velames da flotilha; das
roupas e cobertores, tecidos e calçados dos marinheiros; das resinas
de calefação das caravelas; do óleo para alimentação e
iluminação, além de diversos outros produtos. O presente entregue
aos nativos foi um saco de sementes de cannabis.
A
memória do passado não pode ser ignorada!
Ninguém
melhor do que o senhor, senador, para compreender o valor da
História.
Porém,
ela nos serve somente como testemunha, como referência...
Acredito
que o mais importante é o que faremos agora e o que deixaremos de
legado para o futuro.
Hoje
o exemplo a ser seguido é o Uruguai, guiado pela figura iluminada do
Presidente José Mujica, um homem excepcional, que está promovendo a
redenção social uruguaia.
Com
a descriminalização da cannabis naquele País, em breve a revolução
agrícola e industrial se manifestará e eles entrarão num novo
ciclo de desenvolvimento econômico e social.
A
nossa maior esperança é que aqui, em nossa amada pátria, a
redenção do cânhamo/cannabis, através da descriminalização da
“maconha”, nos leve ao tão almejado futuro sustentável.
Eu,
como membro fundador da “Agenda 21” da cidade de Americana-SP,
sei exatamente a importância deste tão aclamado “futuro
sustentável”.
Tenho
fé e esperança em que, pela nossa vocação agrícola e potencial
tecnológico atual, poderemos ser a locomotiva deste novo
desenvolvimento humano.
Uma
nova Era nascerá quando, finalmente, compreendermos que este
movimento de resgate está no Espírito do terceiro milênio.
“...e
conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” - João 8-32
Depois
da desmistificação da “Santa
Kaia”
- cannabis – pelo esforço específico de pessoas como nós, que
costumo classificar como os “neo-abolicionistas”, a real verdade
se estabelecerá. Isso é uma profecia, o senhor pode acreditar!
É
por isso que trabalho, é por isso que luto, é por isso que estou
preso.
Uso
o termo “abolicionista” porque compreendo a situação de
escravidão em que nos encontramos, principalmente os agricultores.
Grandes empresários rurais e pequenos camponeses, todos estarão
livres das correntes econômicas que os prendem aos conglomerados
transnacionais das sementes geneticamente modificadas, dos venenos e
fertilizantes.
Basta-nos
ter a compreensão de que o agricultor que planta milho, soja, trigo,
feijão, etc., colhe um só produto, os grãos, a um custo
escravizante.
Plantando
cannabis, que não exige o veneno e o adubo das outras culturas, ele
colherá um volume muito maior de grãos que as outras plantas.
Colherá também muito mais fibra que o algodão e ainda colherá
quatro vezes mais polpa de celulose que o eucalipto.
Estamos
falando de três fontes de renda em cada ciclo de cultivo.
Esta
será a alforria de todo agricultor!
Confiando
plenamente em tudo o que foi exposto neste texto, e principalmente na
retidão de propósitos democráticos e morais que norteiam a vida de
vossa senhoria, é que coloco a nossa Igreja à disposição, para a
tarefa republicana de resgatar a “Real Verdade” e a graça deste
presente de Deus para a Humanidade.
Estamos
prontos para atender à esta convocação. Gostaríamos de participar
do processo, das audiências e demais obrigações que forem
determinadas pelo Senador.
Está
mais do que na hora da Árvore da Vida sair das páginas policiais
dos jornais para ser notícia nos cadernos de economia, agricultura,
indústria e comércio.
Vamos
tirá-la das delegacias e fóruns e colocá-la nos lugares corretos,
que são a EMBRAPA, ESALQ, SENAI, Ministérios da Saúde,
Agricultura...
Vamos
substituir o vulgo propositalmente pejorativo de “maconha” por
seu verdadeiro nome: CANNABIS: a cana de dois sexos; a cana do sonho
do faraó, que salvou o Egito, assim como inúmeros outros povos.
“No
meio da rua da cidade, de um lado e do outro lado do rio, lá estava
a “Árvore da Vida”, que produz doze frutos, dando todo mês seus
frutos; e as folhas da árvore eram para a cura das nações.”
(Revelações do Apocalipse 22-2)
Que
a sabedoria do Nosso Pai Todo-Poderoso nos permita compreender a Real
Verdade, para que, com a Luz de Sofia, sejamos homo-um pouco
mais-sapiens!
Rastafari
– com a glória de Jah
Ras
Geraldinho
Líder
religioso da Primeira Igreja Niubingui Etíope Coptic de Sião do
Brasil
(a
história da proibição da maconha nos Estados Unidos)
(textos
e relatos escritos por Ras Geraldinho de dentro da prisão)
(Participantes
da 1ª Conferência Nacional de Saúde Ambiental 2009...
Delegado
GERALDO A. BAPTISTA, que solicitou a seguinte moção: moção
de solicitação:
Representante:
Geraldo A. Batista
Entidade/
Instituição: Primeira
Igreja Niubingui Etíope Coptic de Sião do Brasil
Segmento:
Movimento Social
Descrição:
Moção de solicitação ao Ministério da Saúde para a criação de
uma Comissão Nacional de Estudos para o uso medicinal e industrial
da Canabis Sativa/ Indica/ Ruderalis e o desembargo da mesma)