segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Iperó, 24 de novembro de 2013

15 meses de arbitrariedade pudica do judiciário reativo paulista.

Que o verdadeiro amor fraternal universal se derrame das fontes da Justiça do meu Pai poderoso e inunde nossos corações!

"Inclina, ó Senhor, teu ouvido e escuta-me, porque estou aflito e necessitado. Guarda minha alma, porque sou poderoso, salva Tu, ó meu Jah, teu servo que em Ti confia. Tem misericórdia de mim, ó Senhor meu, porque a Ti clamo todos os dias. Alegra a alma do Teu servo." (Salmos 86- 1~4)

Domingo pós-visita. O dia no cativeiro fica menos tenso. O carinho das visitantes (99% são mães ou companheiras) transborda em forma de doces, biscoitos e outras guloseimas.

Meu coração curte ainda os poderosos eflúvios de luz que meu anjo trouxe: meu único elo com a babilônia; meu guia protetor.

O processo que leva uma pessoa a aceitar ser a visita costumeira de um detento é a mais pura expressão de amor ao próximo, resignação e paciência.

O sofrimento do condenado é patente e não precisamos explorar aqui, mas o calvário destas santas senhoras é hediondo. A tortura institucional é cruel com elas, é humilhante, cansativo, desumano.

Mesmo assim essas guerreiras trazem um pouco de alento para as almas neste vale de sombras.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Os sãos não tem necessidade de médico...

"Os sãos não tem necessidade de médico, mas sim os enfermos. Não vim chamar os justos, mas os pecadores." - Jesus (Marcos 2-17)

Que a glória de Jah se derrame sobre nós!

Responsabilidade: esta é a base do amor fraterno. O amor só existe na verdade, na "real verdade".

Quem luta pela real verdade doa amor ao Universo. Esta é a luta da minha Igreja e da minha alma que se anima pelo poder do Espírito Santo.

A verdade é a luz que extingue as trevas da ignorância, do ódio e da opressão babilônica. A luz que emana do candeeiro de Sofia elimina toda escuridão. Aquele que segura o candeeiro e se proclama seu protetor, tem o dever e responsabilidade de manter a luz acesa e espalhá-la a todos os cantos do mundo. 

Nós, defensores da real verdade, somos como agricultores. Nossa obrigação é plantar a semente, pois ela no paiol não germina.
Semeada brota, cresce, frutifica.


 - "A terra por si mesma dá o fruto: primeiro a erva, depois a espiga e, por fim, o grão na espiga." (Marcos 4-28).

Todo bem está na real verdade, na sabedoria, na retidão moral e no amor fraternal universal.
Fora do bem só existe escuridão, dor, sofrimento.

Aprendemos pela graça da Providência Divina.
Portanto, o saber é um dom que obrigatoriamente tem de ser transmitido. Quem sabe e não ensina, nada sabe. 

O único motivo da nossa existência é a evolução.
Esta é a vontade divina que se fez vida, pelo amor infinito do nosso Pai - Jah.

Neste intuito fomos agraciados com o aparelho físico terrestre para nossas aquisições eternas.

Assim ensinou Alexandre à Alexandre, que repassou à Francisco - o cândido - que pelo espírito da iluminação transcreveu: "na queda também está o aprendizado e o mal indica posição de desequilibrio, exigindo restauração e corrigenda." 

"A evolução confere-nos poder, mas gastamos muito tempo aprendendo a utilizar este poder harmonicamente. A racionalidade oferece campo seguro aos nossos conhecimentos; entretanto, quase todos nós, trabalhadores da terra, demoramos séculos no serviço da iluminação íntima, porque não basta adquirir idéias e possibilidades, é preciso ser responsável, e nem é justo tão-somente a informação do raciocínio, mas também a luz do amor." (do livro Missionários da Luz).

"Repousa sobre mim o Espírito do Senhor, o Espírito da sabedoria e da inteligência, o Espírito do conhecimento e do amor de Jah." (Isaías 11-2)

"Nos anciãos está a sabedoria e, na longa idade, a inteligência. Com Jah estão a sabedoria e o poder, seu é o conselho e a inteligência." (Jó 12-12,13).

E continua: "... a sabedoria é melhor que as pedras preciosas. Não se igualará a ela o topázio da Etiópia, nem se poderá comprar com o ouro mais fino. De onde, pois, virá a sabedoria? E onde está o lugar da inteligência? Eis que o amor a Jah é a sabedoria e a inteligência é o apartar-se do mal." (Jó 28-18,19,20,28).

"Pai da glória, conceda-nos espírito de sabedoria e de revelação do pleno conhecimento, iluminando nossos olhos no entendimento, para que saibamos qual é a esperança de seu chamamento, qual é a riqueza da graça de sua herança nos Santos; e qual a suprema grandeza do Seu poder." (Efésios 1-17,18,19).

Que a graça do amor divino preencha nossas almas com a luz do entendimento.



Ras Geraldinho
Primeira Niubingui Etíope Coptic de Sião do Brasil

domingo, 17 de novembro de 2013

Iperó, 17 de novembro de 2013

Que o poder e a força de Jah, nosso Pai Todo-Poderoso, ilumine e proteja nossos caminhos.

 Quinze meses de ostensiva repressão do Judiciário Paulista.

Esta semana passamos 2 dias trancados na cela sem nenhuma explicação do sistema carcerário.

Uma cela mínima, com espaço para 3 homens, e estamos em 8 homens...

Eu me pergunto: por que tanta crueldade do sistema?

Não temos espaço para sequer esticar as pernas. Sinto dores. Todos nós sentimos dores, mas a única medicação que o Sistema distribui são os ansiolíticos e calmantes. Quem os toma, acorda no dia seguinte grogues, como se estivessem com ressaca. Acho que eles nos querem todos mortos.

No domingo, dia de visitas, o dia amanheceu chuvoso e o clima da cadeia extremamente depressivo. Não é para menos: trezentos e cinquenta homens se apertam debaixo da pequena marquise em frente à galeria de celas.

A água fria da chuva gela o coração dos condenados do Raio Um da Penitenciária Odon Ramos Maranhão, de Iperó-SP. 

O espaço que normalmente já é apertado, torna-se insuportável com a água que cai na quadra, obrigando todos a se entulhar embaixo da mínima proteção.

Alguns, não suportando a pressão, saem andando pela quadra debaixo de chuva mesmo.

Com o passar das horas, a chuva vai amainando e a quadra começa a ser ocupada num frenético caminhar para lugar nenhum.

Um irmão que passa faz uma comparação pertinente, dizendo que "a 25 de março voltou a funcionar", num paralelo com a movimentadíssima rua comercial da cidade de São Paulo.

Para os condenados que não recebem visitas, o dia fica maior que a semana.

As conversas vão se avolumando, assemelhando-se a um mantra, desconexo e barulhento.


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Iperó, 25 de outubro de 2013

A saga da Irmandade Etíope Coptic de Sião é a história de um povo sofrido que através da fé (em Jah) e da união, vence todos os obstáculos e encontram a glória da terra prometida.

Depois da última desapropriação de terras imposta pelo governo jamaicano para a implantação do Campus da Universidade da Jamaica, os Etíopes Coptic resolveram se embrenhar pelas montanhas do interior da Jamaica até encontrar um lugar longe o suficiente da "Babilônia" onde, com a divina providência de Jah, eles finalmente pudessem viver em paz e harmonia.

Depois de caminharem várias semanas por florestas intocadas e terrenos inóspitos, eles chegaram a um vale que acreditaram ser o ideal para fixarem a comunidade - a terra dos sonhos, o sião.

Porém não encontraram água em lugar nenhum.

Foi então que, após um longo arrazoamento, o Elder Gordon - líder religioso dos coptas - recebeu uma iluminação e determinou que todos procurassem por uma grande pedra. Naquela pedra estaria a resposta para suas súplicas.

Quando encontraram um grande bloco de granito, que estava com dois terços do seu tamanho enterrados ao pé da montanha, Mestre Gordon o identificou e solicitou que fosse desenterrado.

Ao término de vários dias de trabalho, a rocha foi desenterrada e movida de lugar.

Do berço daquela pedra brotou uma grande fonte de água, que garantiu a prosperidade daquele singular grupo de "Filhos de Jah".

Com a riqueza da água, que nunca mais parou de jorrar, os coptas puderam trabalhar a terra e cultivar muitas plantas que eram, a principio, para subsistência e, depois, passaram a fornecer frutas tropicais para o mercado de Miami.

Estabeleceram-se como comunidade sustentável, totalmente independente das amarras sociais do sistema político jamaicano.

Investiram em tecnologia de produção, chegaram a montar uma serraria e uma empresa de transporte para escoamento da produção agrícola e da madeira.

Foi a Irmandade Coptic de Sião que quebrou um dos maiores paradigmas do Rastafarianismo. Até o final do século XX, a fé rastafári era um sentimento religioso exclusivo dos irmãos negros, pois acreditavam que somente eles sofriam a repressão violenta imposta pelos brancos. 

Foi nesta época que Thomas Reilly, um norte-americano desertor da guerra do Vietnam, depois de passar pelo Canadá, México e Cuba, chegou à Jamaica. Na condição de foragido do exército dos Estados Unidos, ele se esconde no interior do País.

Depois de muito tempo vagando por áreas desabitadas do sertão jamaicano, ele encontrou a Comunidade da Igreja Etíope Coptic de Sião.

No primeiro contato com os membros da Irmandade, ele sofre descriminação por ser branco e cria-se um ambiente hostil.

Como era costume para se resolver conflitos, convocaram um reasoning (arrazoamento). Então Elder Gordon, num momento de iluminação, esclarece que o "sistema babilônico" não escolhe raça ou etnia e que todos somos irmãos perante o sofrimento e a perseguição.

O americano foi acolhido pela comunidade copta, passa a ser chamado de "Brother Louv" e se torna o primeiro rastafári branco da história.

Alguns anos mais tarde, depois do fim da Guerra do Vietnam, Brother Louv retorna aos Estados Unidos e funda a "Igreja Etíope Coptic de Sião de Star Island, em Miami, na Flórida.



segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Iperó, 09 de outubro de 2013

A violência e crueldade do sistema escravocrata europeu foi fundamental ingrediente para a germinação do "Espírito Rastafári".

Sistema cruel e ignorante, que classificava o africano egemônicamente como sub-espécie humana, misturando etnias sem o menor pudor antropológico.


Mesclavam aramaico com suaíli e outras centenas de extratos culturais.

Entre as nações africanas que cediam mão de obra escrava para a coroa inglesa explorar a Jamaica, a Etiópia se destacava. Desta maneira, os coptas etíopes desembarcavam naquela colônia caribenha do Reino Unido.

Uma comunidade denominada "Etíope Coptic de Sião" se instala no interior do País, depois de serem expulsos várias vezes da periferia da capital jamaicana.


Iperó, 08 de outubro de 2013

O Rastafarianismo é uma cultura religiosa de ética moral intransigente e severa. O rastaman tem como imperativo de vida o amor ao próximo e uma sede perene por justiça - a justiça divina de Jah.

Ser rastafári é negar a guerra, qualquer tipo de violência ou terrorismo, tanto física quanto psíquica, e trabalhar sempre pela paz que só existe na "justiça social".

Estes sentimentos estão tão intrinsecamente fundidos na alma rasta, que transborda pelo reggae, música que, apesar do ritmo marcante e envolvente, tem sua força maior nas letras sempre de reverência e protesto.

"One love, one heart..." - Um amor, um coração... (Bob Marley).


Iperó, 07 de outubro de 2013 - Cela 114

RASTAFARIANISMO

O rastafarianismo é um sentimento cultural religioso que brota a partir do coração africano que sofre o êxodo da escravidão.
O espírito rasta é forjado na matrix do Velho Testamento, sob a pressão do domínio, da opressão e do terror.

Uma alma que acredita que a única forma de lutar contra o castigo da escravidão é mantendo o Espírito Santo dentro do amor, proteção e, principalmente, da obediência às sagradas leis de Jah.

A fé rastafári é uma mescla ecumênica de várias raízes religiosas. Entre elas a copta - vertente de fé que declaro minha "profissão espiritual".

O espírito do "bushman" - preto velho com fé inquebrantável - começa a criar corpo quando Marcos Garvey, erudito negro jamaicano, formado em Oxford, publica suas profecias na coluna de um jornal jamaicano.

Entre elas, uma dizia que quando um rei negro africano subisse ao trono que lhe é por direito divino, assim como Moisés resgatou os judeus do jugo egípcio, os (escravos) negros oprimidos estariam livres do braço imperialista da Inglaterra, podendo assim retornar à terra prometida, ao Sião, na África mãe. Estamos no início da década de 1930.

Neste mesmo período, Tafari Mokame, um jovem descendente em linha direta com Salomão, é empossado Rei da Etiópia, passando a ser chamado pelo nome real de Ras Tafari - Haile Sellasie I.


Os jamaicanos viram neste acontecimento a realização das profecias de Garvey e passaram a se auto-intitular rastafáris. O movimento toma corpo e cresce muito dentro da Jamaica e nas Antilhas até que, através das melodias do reggae, vai para as Américas e toma o mundo.

Peter Tosh, Bob Marley, Burn Spear, entre outros, encantaram a todos com a música do Espírito de um povo que acredita que só o amor e a fé na lei da Jah pode nos salvar.


Por ser o rastafarianismo um movimento cultural-religioso de resistência (contra a opressão colonial), ele prega como mandamento pétreo a paz fundamentada na Justiça Divina da Real Verdade, que só se atinge através do "amor fraternal universal", dogma que só é atingido dentro da graça de Jah, o Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, Leão Conquistador da Tribo de Judah.

Este é o mantra básico do pragmatismo rastafári.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Quatorze meses no limbo

Iperó, 20 de outubro de 2013

Com a graça de meu Pai Todo-Poderoso, Senhor dos Senhores, Rei dos Reis, Leão Conquistador da Tribo de Judá, Eu e Eu vos saúdo, irmãos de fé!

Na esperança de que toda luz esteja sobre o meu anjo da guarda, nós passamos mais um domingo de visitas na Penitenciária De Iperó.

Dia quente de primavera.

Os irmãos evangélicos se congregam na mínima área sombreada disponível. 
Um murmúrio melódico angelical contamina a atmosfera de microondas que sentimos no Raio I.

Meus irmãos Sílvio e Casimiro se confrontam, compenetrados, num tabuleiro de xadrez.

Num espaço arquitetado para o convívio máximo de 135 detentos, 360 seres humanos disputam as nesgas de sombra que começa a se formar na marquise da radial, onde se enfileiram as celas em dois pavimentos.

Como é "muito sol pra pouca sombra", para a maioria resta o recurso de caminhar incessantemente entre a radiação solar calcinante e o concreto escaldante.

Assim como vários outros irmãos, sou adepto ao estudo bíblico dominical e me deparei com um paralelo analógico da nossa esdrúxula realidade. Trata-se do texto de introdução da Epístola do Apóstolo Paulo a Filemon, que testifica: - Paulo, prisioneiro de Jesus Cristo, e o irmão Timóteo, companheiro de milícia, a Igreja está em sua casa...


Um dia de consagração em inúmeros momentos.

Ao final do dia fomos agraciados com um feliz arrazoamento com violão e música raiz, que soa como refrescantes gotas de liberdade.
Em cada letra um pequeno vôo de felicidade, lembranças de momentos alegres que confortam nossas almas.

Os dias de visitas, que se alternam entre sábados e domingos são singulares: para os detentos que recebem visita dos entes queridos o tempo passa rápido demais e para o resto de nós, as horas se esticam intermináveis.

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Dia 04 de outubro de 2013

Um ano, um mês e vinte dias de prisão.

Sinto-me com o o coração leve e confiante!

Não consigo criar expectativas e falsas esperanças, mas estou com o coração cheio de um sentimento diferente do que sempre tive nesse vale de sombras.

Tenho hoje, como nunca antes, a certeza de que "nossa vitória não será por acidente". (Salve MD2!)

Que Jah derrame sobre todos nós bençãos e luz!

Um pouco do meu domingo, 06 de outubro de 2013

Domingo de visitas aqui no presídio. Um dia ensolarado.

Passamos o dia na quadra.

Um dia de especial importância pois passei o tempo todo em reasoning.

Diferentes pessoas e muita emoção.

Um dos irmãos fez a leitura da nossa defesa e vários presentes puderam testificar nossa obra. Muita consagração e muitas palavras de Jah, nosso pai.

Um outro fez uma observação peculiar. Disse estar impressionado, pois nunca tivera a oportunidade de estar com vários presos conversando por mais de duas horas e não se falar em crimes ou prisões. 

Fiquei muito feliz!

Mas a maior emoção foi quando num dado momento, chegou um irmão, falou que sabia da nossa história, que sabia também da nossa ligação com São Thomé das Letras e, puxando um violão, me fez uma homenagem, cantando muitas músicas do Ventania. Fiquei tão emocionado que não consegui deter as lágrimas.

Foi tão especial que eu quis compartilhar com vocês.


terça-feira, 24 de setembro de 2013

Estudando, sempre!

Os últimos treze anos de minha vida foram dedicados ao estudo e à auto-iluminação.

Provavelmente somos os maior compêndio de informação sobre a Erva Sagrada neste País.

Tendo objetivos tão claros, nunca iríamos colocar em risco o tesouro deste trabalho com a ação menor do tráfico, do qual fomos acusados sem provas. 
Nossa verdade é inabalável, pois é real.

Mas, infelizmente, vivemos num País de democracia do faz de conta...

"Democracia laica de uma figa..."

Por isso sabemos que enfrentar o poderio da atual "matrix" farisaica é tarefa árdua, assim como também não foram fáceis as lutas de Davi.
Porém como ele, no passado, nós sabemos que quem está ao lado da Luz sempre vence!
É como diz o ilustre guerreiro Marcelo D2: "nossa vitória não será por acidente."

Em tempo: daqui de trás das muralhas da Penitenciária de Iperó, acabamos de receber a notícia de que o Parlamento Uruguaio aprovou a descriminalização do plantio e uso da cannabis.
Mais uma luz que se acende em prol de nossos direitos, direito bíblico diga-se de passagem, assegurado na primeira página do Livro da Gênesis (capítulo 1, versículo 29).

Que a luz e o amor de Jah, Senhor dos senhores, Leão conquistador da Tribo de Judah, inunde todos os corações.


sábado, 7 de setembro de 2013

Lutar pelo estabelecimento da verdade

Nossa luta sempre foi pelo estabelecimento da Verdade, mas não esta verdade de faz-de-conta que vivemos hoje.

Trabalhamos para que, das trevas da atualidade, se acenda a Luz da verdade, verdade que o rastafarianismo copta chama de "Real Verdade". Uma realidade  que só encontramos no Espírito Santo, na alma repleta de amor, amor fraternal, que gera paz.
Paz sólida e verdadeira, que se atinge através da justiça, porque não existe paz sem justiça.

Só através da Justiça de Jah é que poderemos alcançar o Divino Amor Fraternal.

O único objetivo da nossa vida é este: a felicidade de um coração cheio de compaixão e amor fraternal.

Não lutamos contra, nem pregamos dogmas. Porém a iluminação do Espírito deve estar sempre em primeiro lugar.
Este é o nosso trabalho e o destino da nossa Igreja.

Por isso é que sofremos os ataques dos neo-fariseus que não admitem verdades que confrontem com suas palavras ditatoriais.

Como escreveu Carl Gustav Jung em seu livro A realidade da alma: "pensar de modo diverso do aceito pela corrente dominante do momento tem sempre um caráter clandestino e do contra, quase indecente, doentio e blasfemo,e por esta razão é socialmente perigoso para o indivíduo. Aquele que pensa por conta própria está indo incessantemente contra a corrente."


terça-feira, 27 de agosto de 2013

Iperó, 27 de agosto de 2013

Hoje, um dia muito frio, recebemos a informação sobre o falecimento do Alvaro Armando de Jesus.
 
Eu e o Alvaro fizemos a inclusão na cela 114 do Módulo 1 juntos, nos primeiros dias de junho deste ano.

Ele, um velho “residente” do desumano sistema carcerário do Estado de São Paulo, com vinte e sete anos de encarceramento.

Alvaro estava internado há mais de um mês no Hospital Penitenciário, em São Paulo. Era soropositivo e tinha uma lista considerável de doenças conexas. Sofreu muito nos seus últimos dias neste plano!

Sonhava passar alguns dias em liberdade com a família mas, infelizmente, a bruta burocracia penal paulista vitimizou mais um segregado.

Independentemente dos motivos que o fizeram passar a maior parte da sua vida atrás das grades do Sistema, ele deveria estar solto, tanto pelo âmbito processual, como por questões humanitárias.

Neste momento, alguns irmãos estão preparando um texto de saudação e pêsames para ser lido pelo pastor, na oração do pátio, amanhã de manhã.

Vá em paz, meu irmão Alvaro. Que Jah ilumine teu caminho na eternidade. Que o Pai Todo-Poderoso conceda-lhe a piedade e o amor que os homens não tiveram capacidade de lhe oferecer.

Com a glória de Jah
Eu e Eu – Ras Geraldinho

sábado, 10 de agosto de 2013

Noventa anos de mentiras sobre uma planta

Irmãos, depois de noventa anos de mentiras implantadas no inconsciente coletivo da sociedade ocidental, chegamos nesta esdrúxula  matrix, onde um presente divino foi demonizado para a concentração de lucros de um produto pernicioso, realmente prejudicial à saúde pública e à saúde do planeta: o petróleo.

Para se manter o terrorismo da proibição, foi montado um sistema repressivo e judiciário gigantesco, que consome um enorme volume de recursos públicos. Um sistema burro, que combate fantasmas, gerando vítimas e sofrimento, baseado em mentiras e ignorância, ignorância filosófica - o tipo mais devastador de ignorância, porque a ignorância de conhecimento só prejudica o indivíduo ignorante, enquanto que a ignorância filosófica afeta o pretenso douto, gera máculas sociais irreparáveis.

As sociedades que compreendem este engodo histórico, conseguiram sair desde decrépito e nojento círculo vicioso. É o caso da Holanda, que depois da descriminalização da Erva, reduziu suas prisões e penitenciárias em sessenta por cento. Economia magistral de recursos públicos e sofrimento humano, gerando enorme bem-estar social.

Se uma mentira repetida por três vezes passar a ser arremedo de verdade, como o nazismo mostrou ao mundo, imagine a mentira propalada por quase um século!

Triste é saber que para o Sistema, a verdade é o que menos importa. O objetivo único é o controle de massa, seja real ou ilusório, desde que a gigantesca engrenagem econômica gire e tenha a aparência de uma pseudo-democracia, doa a quem doer, desde que não seja aos homens atrás da cortina - aquelas figuras pardas que movem os fios das marionetes que oprimem o povo.






segunda-feira, 5 de agosto de 2013

"A Iluminação da Real Verdade"

Carta recebida no presídio de Iperó, de um desconhecido, e que tocou meu coração:
 

Que o infinito amor de Jah nosso Pai ilumine sua alma e console seu coração, te dando forças!
 
Imagino como deve estar sendo dificil passar por essa provação. Somos governados por demônios! Este País, há muito tempo tem sido terra de ninguém, com 
uma máquina ainda mais desajustada e violenta.


Tenho pensado muito na sua pessoa, apesar de não conhecê-lo pessoalmente. Compartilho da mesma fé que o senhor.


Nunca existiu democracia, nem liberdade religiosa aqui.


Esse País é, por si só, uma penitenciária de segurança máxima.


Todos que são a favor da justiça e da paz estão de luto pela sua injusta detenção.


Mas Jah irá julgar e virá um tempo em que a cegueira irá de fato acabar. E a iluminação da Real Verdade jamais se apagará.


Como diz o livro de Levítico 6:13 - o fogo arderá continuamente no altar e não se apagará.


Tenho orado e suplicado à Jah para que, em curto espaço de tempo o senhor esteja conosco. Será um prazer conhece-lo pessoalmente!


Um dia essas pessoas de mente retrógrada irão evoluir espiritualmente e o amor e a fé jamais irão acabar.


Como disse o Apóstolo Paulo: entre a fé, a esperança e o amor, o amor é o maior de todos!


Jah guia!


Desejo-lhe toda a força nesse umbral. Em breve estaremos juntos para compartilharmos histórias e experiências.


Que Jah esteja intrínseco em sua a
lma!

domingo, 28 de julho de 2013

28 de Julho de 2013

Domingo de frio, céu nublado. Um muro de 10 metros de altura.
 
Do outro lado da quadra "poli-tudo", o muro está lotado de roupas, toalhas e cobertores recém-lavados, esticados em três gigantescos varais.
 
Na quadra rola um futsal (diário), que os presos jogam como se fosse final de campeonato.
 
Estou sentado em um balde de PVC em frente à porta da minha cela.
 
Da marquise que serve de corredor do segundo pavimento, lençóis e cobertores flutuam no ar, dançando sobre a ação do vento gelado.
 
A maioria dos que optaram por sair das suas celas, assistem a partida de futsal sentados no degrau que existe entre o corredor e a quadra, sobre uma nojenta calha de drenagem.


São tantos detalhes... uma poesia de dinâmica única, onde impera a paz, o respeito e a harmonia.

segunda-feira, 22 de julho de 2013

A relação da humanidade com a Cannabis

A relação do ser humano com a cannabis remonta à nossa "saída do paraíso".

Entenda a "saída do paraíso" como o momento em que o homem adquiriu consciência. Desde então nós utilizamos a "Erva Sagrada" como remédio para um problema colateral do advento da consciência: a depressão.

Apesar de uma parte dos profissionais da medicina classificarem a depressão como doença, na verdade ela não é. A depressão é uma condição que se manifesta pelo estado de consciência. 
Todos os seres humanos passaram, em algum momento de suas vidas, por um quadro depressivo, com maior ou menor intensidade. Mas todos sentirão seu peso.

Assim como a depressão foi o primeiro mal detectado por nós, a cannabis foi o primeiro remédio que usamos, exatamente para tratarmos a condição depressiva.  Dali em diante descobrimos centenas de utilidades medicinais da Erva.

Como seu uso medicinal remonta de milhares de anos, através de incontáveis gerações, muitos de nós (acredito me incluir neste grupo) temos predisposição genética para a cannabis.

Eu diria que temos um apelo inconsciente para a automedicação com a "Planta Sagrada": uma atração natural, pois nos sentimos bem com ela, nada mais que isso.

Para corroborar este raciocínio, devemos dizer que não existe uma pesquisa séria que comprove a dependência quimica e física da maconha.

O mais antagônico no processo de embargo da cannabis é que o ato de se fumar um baseado é o único modo que não é verdadeiramente proibido do uso da planta, porque as outras 25.000 maneiras de consumo o são.

Não podemos ter uma roupa de cânhamo (termo industrial da cannabis), ou cordas, óleo comestível ou combustível, papel e papelão... Nada disso temos condições de encontrar no mercado, porém, uma porção de maconha para se fumar, podemos encontrar em qualquer bairro de qualquer cidade.

O mais incrível é que mesmo que a pessoa seja presa e condenada, ela poderá continuar fumando a Erva.

O juíz pode prender o sujeito, mas não tem o poder de proibir o uso.



segunda-feira, 8 de julho de 2013

A verdadeira intenção para o embargo da Erva Sagrada

A verdadeira intenção - criminosa - para o embargo da planta, é que ela era um empecilho para a expansão da indústria petroquímica.

É imperativo esclarecermos que todos os usos que temos para o petróleo, podemos obter com a cannabis. Além disso ela é alimento, remédio e papel.

Então, para o lucro pornográfico de um pequeno grupo de pessoas inescrupulosas, criou-se uma mentira que foi alimentada por anos a fio, até se transformar neste monstro que temos hoje.

Neste processo devastador, os agricultores americanos foram as primeiras vítimas.

Já ouvimos falar muito da "grande depressão americana" dos anos 1920 e 1930. O que não se comenta é que o gatilho da derrocada econômica dos Estados Unidos da América foi a proibição das plantações de "Hemp", nome dado por eles para a cannabis.

Como desde o descobrimento dos EUA os agricultores eram obrigados (por lei) a plantar maconha, com a proibição eles se viram sem opção de cultivar e foram à bancarrota. Sem contar que muitos deles foram os primeiros presos e taxados de traficantes.

De lá para cá é o que conhecemos: década após década, os meios de repressão se sofisticaram e recrudesceram, chegando ao cúmulo de termos hoje mais de setecentos mil prisões por ano só na terra do "Tio Sam".

Outro detalhe histórico relevante é que os dois primeiros países a promulgar leis de proibição do uso da cannabis foram os Estados Unidos e o Brasil, no ano de 1937.

Na década de 1930, a indústria do petróleo começava a se estruturar nos EUA e 1937 foi o ano da fundação da Petrobrás pelo governo Getulio Vargas.
Outro detalhe é que foram estes dois países que fizeram o lobby do primeiro documento de proibição internacional, assinado na Liga das Nações, órgão que antecedeu a ONU.

Antes dessa estúpida e violenta proibição, o uso da cannabis era corriqueiro. Comprava-se como remédio  nas farmácias e se plantava nas favelas, sendo depois vendidas do mesmo modo como hoje se vende verduras nas feiras livres.

Devemos lembrar também que, antes do embargo, nos Centros de Umbanda e Candomblé os pretos velhos e os caboclos não fumavam tabaco nem charuto. No cachimbo do Pai João se colocava fumo de angola, planta conhecida hoje como maconha.


segunda-feira, 24 de junho de 2013

A Cannabis e o Rastafári

A cannabis é tão entranhada na cultura rastafári que um ditado etíope diz que ela é a "planta que brota no túmulo de Salomão."

Nossa Erva é citada inúmeras vezes na Bíblia, como por exemplo no Livro Revelações, que os cristãos chamam de Apocalipse. É só checar na última página (capítulo 22, versículo 2 e 3) : - no meio das ruas da cidade, de um lado a outro do rio, lá estava a árvore da vida, que produz 12 frutos, dando a cada mês seus frutos; e as folhas da "árvore" eram para a cura das nações. Não haverá mais maldição; e seus servos o servirão.

A dois mil e quinhentos anos eram conhecidos doze frutos (usos) diferentes. 
Foi por este motivo que o Sistema o proibiu.

O hábito de se fumar cannabis foi apenas bode expiatório para a proibição deste presente de Deus para todos nós.


segunda-feira, 3 de junho de 2013

A cultura copta da Etiópia

Na cultura religiosa copta da Etiópia, denominada "Etíope Coptic de Sião" eu finalmente encontrei o sentido da palavra DEUS, que nós rastafáris chamamos de JAH, terminologia usada por Davi, numa contração vocal de Javé ou Jeová, no Velho Testamento.

A cultura copta tem sua raiz no Egito, a trezentos anos antes de Cristo, espalhando-se por todo o Oriente Médio e instalando-se fortemente na Etiópia, um dos países mais antigos do mundo.

O tripé de sua sustentação era a língua com alfabeto próprio, a religião e as artes. Foi a língua-base do Egito até o século sexto, quando este foi invadido pelos mouros e suplantada pela linguagem árabe que é falado até hoje. Do mesmo modo,a língua portuguesa suplantou o tupi-guarani aqui no Brasil.

Com a expansão colonial promovida pelos Europeus a partir do século XV, as ilhas do Caribe transformaram-se em extensas fazendas que só funcionavam pela mão de obra dos escravos africanos.

Nas Antilhas, principalmente na Jamaica, nossos irmãos negros escravizados vinham do leste e nordeste da África, sendo muitos deles da Etiópia. Do caldo cultural africano que chegava ao "Novo Mundo", entre eles, encontravam-se os etíopes coptics, que traziam na bagagem os ensinamentos rígidos do Velho Testamento e as sementes da "Erva Sagrada", adorada por eles como a "Árvore da Vida".



segunda-feira, 6 de maio de 2013

Que a glória de Jah se derrame sobre as cabeças de todos quantos estas palavras alcançarem!

Certamente a luz sempre prevalecerá sobre as trevas!
E se a Iluminação é a única verdade eterna, a escuridão de nossa Era não durará muito mais tempo.

O que estamos passando hoje não é nenhuma novidade, pois a ignorância e a truculência do Sistema é milenar. Todo candeeiro de "sofia" sempre sofreu perseguição, calúnia, opressão, prisão e, muitas vezes, até a morte.

Antes da nossa capacidade de registro, a Verdade já era combatida, mas ela é inexorável e nunca perecerá, tanto que impresso no "Livro da Vida", a palavra do nosso Mestre Iluminado é testemunhada por João (capitulo 8, versículos 31 e 32): - Jesus dizia: se vós permanecerdes em minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará."

Irônico é salientar que a busca desta verdade me colocou atrás das grades do Sistema, há mais de um ano.

No dia 14 de agosto de 2012, minha Igreja foi invadida pela Guarda Municipal de Americana, numa ação totalmente desprovida de legalidade. 
Com falsos pretextos acusaram-me de "traficante". A promotoria montou uma acusação baseada unicamente em semântica, atropelando os mais pétreos conceitos jurídicos, para cimentar um veredicto que já se havia materializado antes do início do meu julgamento. 
Num procedimento em três atos, que durou oito meses, onde fui verbalmente acusado de "louco", "safado" e "vagabundo", o judiciário provincial desconstruiu a história da minha vida, a minha imagem, a minha crença, a minha defesa, minha honra e moral e, principalmente, a verdade.

A verdade que, como centelha, o Rastafarianismo Copta havia acendido em meu coração há doze anos atrás.

Uma verdade consolidada pelo Espírito do irmão negro que, por ter sido o povo escolhido por "Jah", forjou sua alma no sofrimento, na opressão, na violência, da escravidão (que nunca acabou), no terrorismo da tortura e principalmente na injustiça do Sistema.

Esta verdade foi tão arrebatadora, que iluminou meu coração, de uma forma que o Cristianismo nunca havia feito.