quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Iperó, 25 de outubro de 2013

A saga da Irmandade Etíope Coptic de Sião é a história de um povo sofrido que através da fé (em Jah) e da união, vence todos os obstáculos e encontram a glória da terra prometida.

Depois da última desapropriação de terras imposta pelo governo jamaicano para a implantação do Campus da Universidade da Jamaica, os Etíopes Coptic resolveram se embrenhar pelas montanhas do interior da Jamaica até encontrar um lugar longe o suficiente da "Babilônia" onde, com a divina providência de Jah, eles finalmente pudessem viver em paz e harmonia.

Depois de caminharem várias semanas por florestas intocadas e terrenos inóspitos, eles chegaram a um vale que acreditaram ser o ideal para fixarem a comunidade - a terra dos sonhos, o sião.

Porém não encontraram água em lugar nenhum.

Foi então que, após um longo arrazoamento, o Elder Gordon - líder religioso dos coptas - recebeu uma iluminação e determinou que todos procurassem por uma grande pedra. Naquela pedra estaria a resposta para suas súplicas.

Quando encontraram um grande bloco de granito, que estava com dois terços do seu tamanho enterrados ao pé da montanha, Mestre Gordon o identificou e solicitou que fosse desenterrado.

Ao término de vários dias de trabalho, a rocha foi desenterrada e movida de lugar.

Do berço daquela pedra brotou uma grande fonte de água, que garantiu a prosperidade daquele singular grupo de "Filhos de Jah".

Com a riqueza da água, que nunca mais parou de jorrar, os coptas puderam trabalhar a terra e cultivar muitas plantas que eram, a principio, para subsistência e, depois, passaram a fornecer frutas tropicais para o mercado de Miami.

Estabeleceram-se como comunidade sustentável, totalmente independente das amarras sociais do sistema político jamaicano.

Investiram em tecnologia de produção, chegaram a montar uma serraria e uma empresa de transporte para escoamento da produção agrícola e da madeira.

Foi a Irmandade Coptic de Sião que quebrou um dos maiores paradigmas do Rastafarianismo. Até o final do século XX, a fé rastafári era um sentimento religioso exclusivo dos irmãos negros, pois acreditavam que somente eles sofriam a repressão violenta imposta pelos brancos. 

Foi nesta época que Thomas Reilly, um norte-americano desertor da guerra do Vietnam, depois de passar pelo Canadá, México e Cuba, chegou à Jamaica. Na condição de foragido do exército dos Estados Unidos, ele se esconde no interior do País.

Depois de muito tempo vagando por áreas desabitadas do sertão jamaicano, ele encontrou a Comunidade da Igreja Etíope Coptic de Sião.

No primeiro contato com os membros da Irmandade, ele sofre descriminação por ser branco e cria-se um ambiente hostil.

Como era costume para se resolver conflitos, convocaram um reasoning (arrazoamento). Então Elder Gordon, num momento de iluminação, esclarece que o "sistema babilônico" não escolhe raça ou etnia e que todos somos irmãos perante o sofrimento e a perseguição.

O americano foi acolhido pela comunidade copta, passa a ser chamado de "Brother Louv" e se torna o primeiro rastafári branco da história.

Alguns anos mais tarde, depois do fim da Guerra do Vietnam, Brother Louv retorna aos Estados Unidos e funda a "Igreja Etíope Coptic de Sião de Star Island, em Miami, na Flórida.



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