Décimo
oitavo mês de direitos fundamentais negados pelo Judiciário
paulista.
Que
a paz duradoura do amor de “Jah” nos inunde e que a Justiça seja
plena, ainda que tardia!
"Dos
planos do desvalido vós zombais. Mas o Senhor é seu refúgio.
Ó!
quem nos dera que de Sião saísse a salvação de Israel
(Babilônia)."
Salmo
14-6,7
Sábado
recebi, pelo meu anjo da guarda, a notícia de que a minha apelação
fora votada no TJSP e que, por unanimidade, confirmaram a estúpida
sentença de prisão, de sequestro do local da nossa igreja e
acresceram alguns trocados à exorbitante multa, que nem sei
exatamente o valor...
Deixo
como reflexão o texto de Davi, que tem tudo a ver com aquela
assembléia zombeteira que endossou o despautério da minha sentença.
Em
verdade vos digo, eu criei inimigos poderosíssimos quando ousei
criticar o sacrossanto Judiciário paulista!
O
motivo da minha prisão não está no processo vinculado à quarta
invasão ilegal da minha igreja. Meu calvário começou a ser montado
quando, por ocasião da Primeira Marcha da Maconha de Americana
(2009), o juiz proibiu a manifestação, atropelando vários direitos
constitucionais.
Como
eu acreditava na propaganda governamental de
“democracia-liberal-laica-constitucional”, pensei ter o direito
de criticar a Instituição. E o fiz.
Não
descumprimos o mandado de proibição específico da Marcha da
Maconha - coisa que acatamos, e não mencionamos a palavra “maconha”.
Tampouco usamos criação gráfica de qualquer natureza relacionada à
planta.
Porém,
promovemos no mesmo local e hora marcada a Marcha Contra a
Inconstitucionalidade do Judicário Paulista.
Saímos
do estacionamento do Parque Ecológico da Cidade de Americana. Lá
estavam cinco manifestantes, uns quinze repórteres da imprensa
regional, inúmeras viaturas, alguns investigadores da Policia Civil
em ação de arapongas, uns vinte Policiais Militares, mais uns
trinta e cinco patrulheiros da Guarda Municipal de Americana.
A
Marcha foi um sucesso. O custo da operação tática de repressão
não imagino.
Caminhamos
por mais ou menos 800 metros gritando palavras de ordem contra o
Judiciário local e paulista. Basicamente mostrando a incoerência da
Justiça de São Paulo, que proibia a livre expressão garantida no
Artigo 5º da Carta Magna brasileira. A frase mais usada era: “A
Justiça Paulista é inconstitucional”, tanto que em 2011, em
decisão histórica, o STF suspendeu todos os atos de proibição,
liberando a Marcha da Maconha.
Caminhando
pela Avenida Brasil, chegamos em frente ao fórum onde fomos
interceptados de forma descabida por todo o aparato repressor já
descrito.
Questionamos
sobre qual era a base daquela operação. Fomos informados que
estavam seguindo ordens do delegado e do juiz.
Ficamos
detidos por mais de cinco horas, onde virei “ave rara”,
atraindo a atençao de todos os galões de autoridade que passaram
pela delegacia para ver quem era o “velho maluco da maconha”.
Fomos
liberados depois de uma estafante espera pelo nada. Com a desculpa de
falha na impressora, dispensaram-nos com a promessa de receber cópia
do BO, coisa que nunca aconteceu.
Isso
pode ser confirmado pela imprensa local.
Desde
então fui marcado como proscrito, e quando souberam que eu era líder
religioso de uma igreja que tem em sua liturgia o uso da Cannabis –
a famigerada maconha – fui colocado na lista de “procurados”.
Não
era uma questão de se, passando a ser uma questão de quando.
Depois
de quatro invasões ilegais, duas praticadas pela Policia Civil e
duas pela Guarda Municipal de Americana (GAMA), fui preso
preventivamente, julgado em três atos (3 audiências de duas horas
cada uma), sob acusação de tráfico (que nunca existiu); corrupção
de menor (recebi um estudante de 17 anos, sendo que eu não sabia a
idade dele e que este sequer fez uso da Erva – os próprios
patrulheiros negaram que ele estava fazendo uso) e de ter minhas
testemunhas de defesa transformadas em réus, o que me rendeu também
acusação de formação de quadrilha. Fui condenado a 14 anos e
alguns meses de prisão.
Sem
provas reais que sustentassem as acusações, a promotoria desmontou
a história da minha vida, distorcendo a realidade, construiu uma
tese baseada unicamente em semântica.
Fui
debochado pelo senhor promotor, chamado de louco e vagabundo. Nunca
me foi dado o direito do contraditório; todos os habeas corpus me
foram negados e me encontro hoje aqui, nas masmorras do Sistema
Prisional Paulista.
Assassinos
das mais altas estirpes recebem o benefício de responder em
liberdade, o que me foi negado.
Agora,
o Tribunal de Justiça de São Paulo confirma esta esdrúxula pena!
Então,
eu vos pergunto: tenho ou não tenho inimigos poderosíssimos?
No
momento da invasão promovida pela GAMA, eu mantinha vinte e quatro
pés de Cannabis, plantados no jardim da igreja (o local é sempre
fechado, longe de causar ofensa a alguém que passasse por ali), mais
doze mudas em estágio embrionário, que eu mantinha em caixinhas de
leite e que foram somadas às plantas adultas, figurando no inquérito
como trinta e seis pés. A intenção de mau entendimento aí já se
faz presente.
É
importante lembrar que entre as audiências, fui intimado à
responder ao processo da terceira invasão da nossa igreja, um
processo que tramitou em outra Vara, com as mesmas características e
com volume de 36 pés. Fui enquadrado no Artigo 28, que é o artigo
de usuário.
Dos
supostos 36 pés tirou-se um peso bruto de seis quilos, onde num
exercício de retórica o juiz transformou em mais de sete mil
baseados.
Mais
uma vez a intenção do mau entendimento se faz presente, permeando o
raciocínio magistral, que acatou o peso bruto. Levou-se em conta a
planta viva como produto: raiz e terra, tronco, caules, ramagens,
folhas e espigas verdes foram apresentadas como produto final, sendo
que a preparação da Erva Sagrada requer apenas e tão somente as
flores (espigas) ressequidas, que não correspondem a 10% do peso
bruto in natura. Mau
entendimento por ignorância ou
intencional?
Saindo
da área criminal, podemos dizer que é caso de Procon. É o mesmo
que comprar a picanha e pagar pelo boi em pé com chifres, couro,
cascos e ossos. Ou comprar maçã pagando pela macieira. Ou pétalas
de rosa ressequidas pagando por toda a roseira. Socorro Procon!!!
A
ação brancaleônica que culminou com a minha prisão e condenação
começa com a apreensão de dois rapazes num bairro vizinho e que
supostamente carregavam alguns gramas de maconha prensada no bolso e
dois vasos plásticos, com aproximadamente meio litro cada um, cheios
de terra.
A
alegação dos patrulheiros era de que os vasos seriam usados para
plantar maconha e a Erva prensada que eles portavam havia sido
comprada na igreja.
Desta
fantasiosa alegação a Promotoria tentou algumas vezes insinuar que
nos vasos existiam pés da Erva – ideia mal-intencionada que
subverte fatos e induz à conclusões distorcidas. Finalmente, por
falta de sustentação, o promotor desistiu de utilizar a tacanha
insinuação em sua tese.
Aqui
se estampa a intenção da Promotoria: não importa prova nem
verdade, tem que haver a punição. Existe um “quê” de vício
inveterado onde o que está em jogo é a vitória, não importando a
verdade, norma legal ou justiça.
É
lamentável, é farisaico!
A
sanha pelo castigo foi tão forte que a Promotoria de Justiça,
injustamente, converteu minhas testemunhas de defesa (frequentadores
da igreja) em cúmplices juntamente com minha companheira, cuja letra
aparece em uma ficha de controle da igreja, sendo que ela não
participava das reuniões e cuidava somente da limpeza e organização
daquele espaço.
Hoje
quatro brasileiros, sendo uma advogada, um empresário, um fotógrafo
e uma cuidadora de idosos estão sob o perigo iminente de serem
presos por frequentarem uma igreja. Pessoas que passam por
constrangimento ideológico, religioso e moral.
E
o TJSP endossa essa aberração de raciocínio, que age pelo anseio
descomunal de proibicionismo, prejudicando vidas e o desenvolvimento
sócio-moral de nossa nação.
“Sião
será resgatado com justiça e seus convertidos com retidão.”
Isaías 1-27
“Ai
dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da luz trevas e
das trevas, luz; que poem amargo por doce e doce, por amargo! Os
quais justificam o ímpio por suborno e negam o direito ao justo.”
Isaías 5-20,23
Que
a glória da luz de “Jah” se derrame sobre nós!
Ras
Geraldinho (por carta)
Primeira
Igreja Niubingui Etíope Coptic de Sião do Brasil
triste ler tamanha brutalidade do sistema
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