quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Iperó, 30 de novembro de 2014

Tento descrever o dia a dia do Sistema Prisional Paulista no início do terceiro milênio, mas pouco consigo retratar.

A parte institucional é fácil de descrever: corrupta, desumana, medieval, insalubre, cruel, descontrolada, nojenta, mórbida e algumas dezenas mais de adjetivos negativos que ilustram a macabra situação da entidade repressora.

O cotidiano da família prisional é a parte de difícil registro: uma dinâmica social própria tão peculiar que encanta pela crueza e pelo inter-relacionamento comum.

Imaginem a vida num caldeirão de concreto com mais ou menos mil metros quadrados de área comum, com quarenta e seis celas, onde vive, convive e sobrevive uma população superlotada de aproximadamente trezentos e sessenta indivíduos.

São, na maioria, oito homens com formação cultural e antropológica das mais diferentes matizes, vivendo dezoito horas por dia num espaço de nove metros quadrados, onde metade do espaço é ocupado por uma treliche de concreto.

(Ras Geraldinho não completou o texto)

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